quinta-feira, 5 de maio de 2011
“Chibata — João Cândido e a revolta que abalou o Brasil”
Perto de completar 101 anos, a revolta que aconteceu em 22 de novembro de 1910 e uniu marinheiros de toda a frota brasileira contra os maus tratos é transformada em quadrinhos. “Chibata — João Cândido e a revolta que abalou o Brasil” (Conrad), escrita por Olinto Gadelha e ilustrada por Hemeterio, sai coincidentemente no mesmo ano em que o governo federal anistia e inscreve o nome do líder da Revolta da Chibata, João Cândido, no Livro dos Heróis da Pátria.
— Antes da pesquisa, conhecíamos muito pouco da história da revolta — diz o ilustrador Hemeterio. — Depois, o personagem que emergiu tinha o mesmo status de um Tiradentes. João Cândido simboliza a insubmissão. Sua revolta explodiu quando foram esgotados todos os outros canais. O contexto da época não se repete hoje, é claro, já que não é concebível que um grupo faça valer sua opinião portando armas, mas, naqueles dias, alguém precisava lembrar aos governantes que a escravidão acabara 30 anos antes.
João Cândido conseguiu fazer com que suas reivindicações fossem atendidas, mas a vitória foi comemorada por pouco tempo. Os almirantes revidaram, prendendo e torturando os principais marinheiros envolvidos na revolta, inclusive Cândido, que morreu em 1969, aos 89 anos, com a mente destruída.
O assunto viraria tabu para a imprensa. Após dar início a uma série de reportagens sobre a revolta na “Folha do Povo”, Aparício Torelly, o Barão de Itararé, foi espancado e abandonado, nu, em plena Nossa Senhora de Copacabana.
— Só o fato de podermos discutir livremente os eventos da revolta, quando todos os que fizeram o mesmo antes sofreram algum grau de retaliação, já é prova da nossa maturidade democrática, afinal somos ou não somos um país onde temos LIBERDADE???
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